No meu dia a dia aqui no Vale do Paraíba, percebo que a urologia, muitas vezes, é cercada de dúvidas e até mesmo certo receio por parte dos pacientes. Questões sobre a saúde masculina, problemas urinários e a temida próstata são temas frequentes em consultório. Acredito que a informação clara e acessível é fundamental para desmistificar a urologia e encorajar os homens a cuidarem da sua saúde. Por isso, compilei algumas das perguntas mais comuns que ouço, oferecendo respostas diretas e informativas.
Perguntas e Respostas
1. “É normal ter que levantar várias vezes à noite para urinar?”
Não necessariamente. Embora uma ou duas idas ao banheiro durante a noite (nictúria) possam ser consideradas dentro da normalidade para algumas pessoas, um aumento significativo nessa frequência pode indicar um problema subjacente. Pode estar relacionado ao aumento da próstata (hiperplasia prostática benigna – HPB), mas também pode ser sintoma de outras condições como infecção urinária, diabetes, ou até mesmo hábitos de ingestão de líquidos. É importante investigar a causa com um urologista.
2. “O exame de toque retal dói? Ele é realmente necessário?”
O exame de toque retal é rápido e, embora possa causar um leve desconforto, não é doloroso. Ele é uma ferramenta importante para avaliar o tamanho, a forma e a consistência da próstata, sendo fundamental para a detecção precoce de alterações, incluindo o câncer de próstata. Junto com o exame de PSA, ele compõe o rastreamento inicial dessa doença. A necessidade e a frequência do toque retal devem ser discutidas individualmente com o urologista, considerando a idade, histórico familiar e outros fatores de risco.
3. “PSA alto significa que eu tenho câncer de próstata?”
Não necessariamente. O PSA (Antígeno Prostático Específico) é uma proteína produzida pela próstata, e seus níveis podem estar elevados por diversas razões além do câncer de próstata, como a HPB, prostatite (inflamação da próstata) ou até mesmo após atividades como andar de bicicleta ou ejaculação recente. Um PSA elevado sempre requer uma avaliação mais aprofundada pelo urologista, que pode incluir outros exames como o PSA livre/total, densidade do PSA, velocidade do PSA e, em alguns casos, a ressonância magnética multiparamétrica da próstata e a biópsia prostática.
4. “Disfunção erétil tem tratamento? É algo comum?”
Sim, a disfunção erétil (DE) é uma condição comum, especialmente com o avançar da idade, mas pode afetar homens de todas as idades. Felizmente, existem diversos tratamentos eficazes disponíveis, que vão desde medicamentos orais, terapias de aplicação local, injeções intracavernosas até dispositivos de vácuo e, em alguns casos, implante peniano. A causa da DE pode ser multifatorial, envolvendo aspectos físicos (como doenças cardiovasculares, diabetes, problemas hormonais) e psicológicos (como ansiedade, estresse). Uma avaliação completa com um urologista é fundamental para identificar a causa e definir o tratamento mais adequado para cada caso.
5. “Infecção urinária é só coisa de mulher?”
Não. Embora as infecções urinárias (ITUs) sejam mais comuns em mulheres devido à anatomia do trato urinário feminino, os homens também podem desenvolver ITUs. Nos homens, as ITUs podem estar associadas a problemas na próstata, estreitamento da uretra, cálculos urinários ou outras condições. Os sintomas podem incluir dor ao urinar, aumento da frequência urinária, urgência miccional, dor na região pélvica e, às vezes, febre e sangue na urina. É importante procurar um médico para diagnóstico e tratamento adequados, pois ITUs não tratadas podem levar a complicações mais sérias.
6. “Cálculos renais sempre precisam de cirurgia?”
Não necessariamente. A necessidade de tratamento para cálculos renais depende do tamanho, localização e dos sintomas que estão causando. Cálculos pequenos podem ser eliminados espontaneamente com aumento da ingestão de líquidos e medicamentos para aliviar a dor e facilitar a passagem da pedra. Cálculos maiores, que não passam espontaneamente ou que estão causando dor intensa, infecção ou obstrução do fluxo urinário, podem precisar de intervenções como litotripsia extracorpórea por ondas de choque (LECO), ureteroscopia com laser ou cirurgia percutânea. A melhor abordagem de tratamento é individualizada e definida pelo urologista.
7. “A vasectomia causa impotência?”
Não. A vasectomia é um procedimento cirúrgico simples e seguro que interrompe o fluxo dos espermatozoides dos testículos para o sêmen, impedindo a gravidez. Ela não afeta a produção de hormônios masculinos (testosterona) pelos testículos, que são os responsáveis pela libido, ereção e outras características sexuais masculinas. Portanto, a vasectomia não causa disfunção erétil (impotência) nem diminuição do desejo sexual.
Espero que estas respostas ajudem a esclarecer algumas das dúvidas mais comuns que ouço em meu consultório aqui no Vale do Paraíba. A urologia é uma especialidade abrangente e fundamental para a saúde masculina e também feminina (no que diz respeito ao trato urinário). Não hesite em procurar um urologista para tirar suas dúvidas e cuidar da sua saúde urológica em todas as fases da vida. A informação e a prevenção são os melhores caminhos para uma vida mais saudável e tranquila.
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